CURSO DE
ESPECIALIZAÇÃO: EDUCAÇÃO NA CULTURA DIGITAL
NÚCLEO
ESPECÍFICO: EDUCAÇÃO FÍSICA
PÓS
GRADUANDA: PATRICIA LUIZA DE MORAES
Resenha
crítica sobre o texto: “CONSTRUINDO DIÁLOGOS ENTRE A MÍDIA – EDUCAÇÃO E A
EDUCAÇÃO FÍSICA: uma experiência na escola”.
Paula Nunes Chaves;
Joyce Mariana Alves
Barros;
Dandara Queiroga de
Oliveira Sousa;
Ana Luiza Silva
Costa;
Allyson Carvalho de
Araújo.
O
referido texto nos leva a pensar sobre como as mídias em geral influenciam e
delimitam nossa visão sobre o que é belo, o que é permitido e o que é feio e
proibido, nos passando conceitos e criando nosso imaginário sem que nos demos
conta ou pensemos a respeito.
Os autores começam a abordar o tema explanando
sobre como consumimos as informações que a mídia nos apresenta citando
(ECO.2006) inegável consumo da mídia no âmbito pessoal e escolar dos alunos no
faz pensar sobre o processo de apropriação dessas informações. Nesse sentido, a
absorção das informações midiáticas pode dar-se em uma perspectiva inocente e
alienante, caracterizando o pessimismo da corrente de pensamento apocalíptica,
na qual o aluno é apenas receptor passivo das “verdades” difundidas na mídia.
Ou pode ser de uma perspectiva integrada, que considera a mídia como um emissor
de mensagens e informações para o alargamento cultural e que não são
apropriadas por consumidores indefesos, mas sim por sujeitos que tem capacidade
de refletir criticamente sobre essas informações.
No que
tange à Educação Física nota-se a preocupação dos autores de discutir sobre estereótipos
e sobre os pré-conceitos com relação ao corpo e as medidas que as pessoas tomam
para conseguir atingir o corpo “vendido” pelas mídias. Eles acreditam, que se
faz pertinente refletirmos que esta explosão de informações midiáticas pode por
vezes, estar sendo consumida a partir de horizontes de compreensão limitado e
acrítico. Nessa perspectiva, o que se estabelece por muitos jovens/consumidores
é uma internalização inocente dos discursos midiáticos repletos de valores e
conhecimentos, por vezes descontextualizados e reducionistas.
Os
autores acreditam que ao se trabalhar a mídia-educação consiste em permitir que
as crianças/jovens vivam circunstâncias por uma realidade midiática, sem, no
entanto, perder a potência reflexiva para com essa onda de informações,
conhecimentos e valores difundidos, a fim de fomentar o processo de ensino
aprendizagem.
A
metodologia utilizada pelos pesquisadores teve um caráter descritivo e foi
classificada por eles como pesquisa-ação, que utilizou-se de coleta de dados a observação
participante. O tema norteador, ou problematização deste trabalho
materializou-se como “Mídia e Educação Física”, o mesmo foi realizado por
acadêmicos do curso de Licenciatura em Educação Física da UFRN, o projeto foi
aplicado na E.E. Professor Josino Macedo e a turma selecionada da instituição
foi o 1 Ano B, que possui 25 alunos, no período vespertino.
No
desenvolvimento do projeto a primeira etapa realizada pelos acadêmicos foi
denominada de Comunicação. Para tanto eles utilizara o diálogo inicial
questionando os estudantes sobre seus corpos. Todos os presentes se mostraram
insatisfeitos com algo no seu corpo. Os rapazes desejavam um corpo mais forte,
enquanto as meninas um corpo mais magro. Para corroborar e nos fazer refletir
essas afirmações os autores citam (BIANCHI etal, 2011, pag.1) que nos diz que
são essas visões que as pessoas tem sobre o corpo levas as pessoas a recorrer a
mecanismos “eficientes” que promovem um ideal de belo, homens e mulheres
viciados em atividades físicas, dietas rígidas, sempre procurando melhorar a
imagem para suprir necessidades específicas e particulares,
O segundo
momento foi denominado percepção, neste foi questionado que tipo de corpo eles
desejariam ter, se o padrão que é mostrado pela mídia e as respostas foram
“mais ou menos”, pois existem excessos que os estudantes não gostariam de ter.
Nesse questionamento foi comentado que o culto ao corpo teve seu ápice após o
avanço das tecnologias. Depois destas discussões foi pedido que os estudantes
escolhessem os dois representantes, um de cada sexo que fossem considerados os
corpos mais bonitos da sala e fossem registrados com fotografias para avaliação
na próxima aula.
Na
sequência foi solicitado que os alunos analisassem e refletissem sobre um texto
de (BIANCHI et al., 2011. p.1), que falava sobre como as mídias influenciam
nossos conceitos e intensificam a idéia de um individuo venerado pela sua
condição física. A partir da interpretação os autores pediram que os alunos
analisassem as fotos que haviam tirados dos colegas e percebeu-se a semelhança
do texto com a escolha feita pelos mesmos, assim concordaram que ao entender as
representações de imagens de padrões corporais de beleza a serem seguidos são
vendidos e produzem discursos que, se tornam construidores de “verdades”.
Em um
terceiro momento foi denominado pelos autores Busca de Informação que se constituiu
em realizar uma busca de imagens que representassem um corpo belo, mas essa
fotografia não podia ser completa deveria ser uma montagem, como um quebra
cabeça, e na sala se montou grupos para trabalharem juntos, um de meninos e um
de meninas.
Após a
construção e analise das figuras os acadêmicos e alunos discutiram e chegaram a
conclusão que os padrões se repetiam e os corpos “fictícios” montados pelos alunos
refletiram a busca pelo padrão de beleza influenciado pela cultura midiática.
Segundo
os autores: ”Percebemos por meio dos discursos dos alunos sua tomada de
consciência a respeito de um padrão estético recorrente na mídia que influencia
diretamente a concepção de corpo belo deles...”, depois dessas reflexões foi
questionado o que se faz para conseguir seguir esses padrões e os perigos
envolvidos e “aceitos” para chegar a esse ideal de corpo vendido pela mídia.
Como hoje ser belo é ser magro e forte, a indústria de remédios e cosméticos
fatura alto vendendo suplemenstos, remédios, géis e cosméticos para se atingir
esse padrão.
No texto
percebesse que durante o processo de montagem dos corpos considerados belos, surgem
questões de gênero e sexualidades reflexos dos conceitos arraigados onde homens
não podem achar outros homens bonitos, ou como nos dizem
os autores:”...encontraremos nessa atitude um reflexo da sociedade
patriarcalista e heterocentrada que vivemos, que leva a sujeitos a pensar esta
atitude como uma ameaça a masculinidade e à identidade heterossexual.” , isso
nos faz refletir como em nossa está estruturada e como esses conceitos estão
diretamente ligados a nossas formação patriarcalista.
Os
pesquisadores levaram os alunos a refletir sobre suas escolhas, questionaram se
as mesmas tinham de alguma forma sido influenciadas pela mídia. Questionaram
também aos estudantes se eles perceberam que a maioria das pessoas que convive
com eles no cotidiano é bem diferente do padrão de beleza vendido pela mídia. E
os estudantes se surpreenderam quando perceberam e admitiram que são inocentes
e influenciados diariamente pelas mídias principalmente pela internet, sem
refletir a cerca das informações e valores que recebem constantemente.
Nas
considerações finais os autores relatam é possível trabalhar no âmbito da
Educação Física, utilizando as interações da mídia-educação destacando a
concretude da apropriação do conteúdo
“conhecimento sobre o corpo” nas aulas de Educação Física. Fica claro a
importância de se discutir e se aprofundar da mídia-educação para fomentar as
discussões no campo da Educação Física e utiliza-la além da perspectiva
instrumental, contribuindo assim para uma reflexão crítica dos alunos e na
desmistificação dos estereótipos corporais.